A CARTA - fruto dos encontros em Uma Mala Corpo Casa para Viajar

A primeira aula foi no dia 7 de abril de 2021. Ao total foram nove encontros em uma imersão do módulo 2 do curso Uma Mala Corpo Casa Para Viajar, com JulliPop. O fruto desses encontros e trocas foi uma CARTA escrita de forma coletiva. Seis lindas narrativas, cada uma sendo única em sua existência.

“No ser, tudo é circuito, tudo é rodeiro, retorno, discurso, tudo é rosário de permanências, tudo é refrão de estrofes sem fim. E que espiral é o ser homem! Nessa espiral, quantos dinamismos que se invertem! Já não sabemos imediatamente se corremos para o centro ou se nos evadimos. […] Assim, o ser espiralado, que se designa exteriormente como um centro bem revestido, nunca atingirá o seu centro. O ser do homem é um ser desfixado. Toda expressão o desfixa. No treino da imaginação, mal uma expressão foi enunciada o ser já tem necessidade de outra expressão, o ser deve ser o ser de outra expressão. […] E, se o que queremos determinar é o ser do homem, nunca estamos certos de estar mais perto de nós ao “recolhermo-nos” em nós mesmos, ao caminharmos para o centro da espiral; freqüentemente, é no âmago do ser que o ser é errante. Por vezes, é estando fora de si que o ser experimenta consistências.”
Bachelard – A poética do Espaço

 

Com Bachelard, a viagem foi aberta em um circuito fluido.
A palavra foi maneira e matéria para habitarmos linguagens. A pergunta “Como pinçar o pulso da palavra?” foi o comando que fez nascer A CARTA. Ou, as cartas, e as formas de dizê-las e de escutá-las.

Cada ação acorda algo em nossa casa corpo, em nossa mala corpo, em nossa viagem. Assim, as seis participantes dessa experiência com estado de ateliê trazem agora uma oportunidade de você entrar na história.

Cada carta é a mesma e é outra.
Construída coletivamente a partir de diferentes nutrições estéticas oferecidas pelo curso e pelas viajantes ela convida você a ouvir e entrar nessa viagem.

Os nomes das cartas propõem uma ação de escuta. Experimente ativá-las em você e se quiser venha nos contar.
Vale ainda você gravar a sua versão da nossa carta e compartilhar conosco via instagram marcando @acasatombada e #umamalacorpocasaparaviajar

Ficha Técnica:

Julli Pop : Carta para ouvir da janela

Luana de Gusmão: Carta para ouvir ao vento

Marcia Amaral de Figueiredo: Carta para ouvir com o corpo inteiro

Meyli Moraes: Carta para ouvir de dia

Raquel Teixeira: Carta para ouvir na travessia das barcas

Sandra Carvalho: carta para ouvir habitando o corpo

 

A CARTA

É junho do ano dois mil e vinte um

Sinto-me nômade
Compartilho vontade
Tomo bruma, tomo céu, tomo devaneio
Uma vontade arrebata quantos tempos?
Quantas passagens para medir?
Não estamos certAs
Passagem de ar é convite para medir o tempo
Contemplar a pausa
Tempo
Vontade de ar
História, sonhos…
Espaço flui devaneio.
A coragem flui horizonte coletivo
Conexão generosa
Há esperança
Tomar céu, presença é tomar céu.
Fronteira reconfigura pausa
Coragem reconfigura fronteira
Passagem que mede o tempo

Arrebata
Compartilho efervescência, entranhas
Sou nômade.