ZEBB

 

 

Mais um dia de arte negra brasileira e hoje vamos até a Paraíba por intermédio do baiano ZEBB, Zé Balbino. Produtor cultural, músico e DJ que carrega consigo muitos vinis unindo diferentes gêneros musicais à música eletrônica. Aqui, vamos conhecer um pouquinho da produção desse artista incrível ao passear pelo seu trabalho “Muita Onda para Vinícius de Moraes” e ouvir-dançar com o seu álbum recém-lançado “Times of Trouble”. Também tem um convite para se deslocar ao Recôncavo Baiano por intermédio do primeiro episódio da sua pesquisa “Bahia Eletrônica – Interfaces entre música computacional e cultura popular na criação e profusão de uma música popular eletrônica da Bahia”. 

 

Vem com a gente viver a alegria de ter ZEBB n’A Casa Tombada.

 

Descrição do vídeo / Ficha Técnica

Título: Muita Onda pra Vinícius de Moraes

Produção Musical: ZEBB

Zabumba e Ganzá: Zé Silva (Côco Acauã – PB)

Imagens e Edição: ZEBB

Ano: 2021

 

RESUMO

​​Música Popular Brasileira é um termo que até hoje de alguma forma define globalmente a música feita no país, ainda que represente uma expressão artística localizada em tempo e espaço muito específicos. De alguma maneira, ela tornou-se sinônimo da produção musical de um país que abriga inúmeras expressões, muitas delas de grande importância no processo de resistência identitária de comunidades negrobrasileiras e indígenas. Além de alimentarem a chama da existência cultural desses grupos, a música das culturas tradicionais brasileiras alimentou inclusive a própria ideia, conteúdo musical e constituição da tal MPB, no entanto seus artistas e praticantes foram invisibilizados nesse processo por motivos de raça e classe. Muita Onda pra Vinícius de Moraes é uma peça de música eletrônica/computacional que questiona e propõe a reconstituição dessa história a partir do reconhecimento da relevância das culturas tradicionais negrobrasileiras e indígenas no processo de formação das condições para que se pense e produza música no Brasil, tendo a tecnologia como mecanismo de contato com um passado vivo e acessível através da espiral do tempo. 

 

 

https://open.spotify.com/album/39kyzFnUyQ7eB2EipVeRjG?si=PP4M9_j-QK-Ow3ATAp31TA&utm_source=copy-link&dl_branch=1&nd=1

Se, num rápido giro histórico, pudéssemos voltar ao contexto musical baiano do século passado, especialmente entre as décadas de 60 e 80, encontraríamos duas linhas de forças fundamentais: a música erudita de vanguarda produzida nos Seminários de Música da UFBA e o Reggae Jamaicano, que foi uma expressão que marcou várias gerações de músicos baianos. ZEBB, produtor musical soteropolitano radicado em João Pessoa desde 2019, escolheu o caminho do meio e uniu as duas vertentes com maestria no álbum “Times of Trouble”, gravado de forma independente, e já disponível nas principais plataformas de streaming.

 

“Times of Trouble é uma narrativa sonora, um disco que faz muito sentido como obra completa. Nele, tentei trazer a perspectiva de que a música e as idéias precisam voltar a ser perigosas, pois precisamos assumir no contexto artístico uma proposta de linguagem contundente e questionadora, sem perder a perspectiva da fruição da arte, apresentando meios para retomadas identitárias, políticas e culturais”.

 

O disco é composto por 8 (oito) faixas, três cantadas e cinco instrumentais, e foi totalmente produzido no período da pandemia. Traz temas como a ansiedade e outros distúrbios psíquicos que foram potencializados nesse período de reclusão. No  lugar de uma solução com base na medicina ocidental, Zebb nos convida à dança dos sentidos, propondo por meio da música uma ideia de superação dessas questões a partir de sonoridades complexas inseridas em arranjos, nos quais o Dub é utilizado como linguagem artística singular e capaz de nos conectar às formas de sentir e criar herdadas das tradições afro-diaspóricas nas Américas.

 

Produção Musical: ZEBB

Programação, Baixo, Synths – ZEBB

Guitarra: ZEBB, Jarbas Jácome na Faixa Overcome

Escaleta: ZEBB

Participações: Filosofino (letra e voz em Broken Minds), Akin Miranda (Violino em Broken Minds), Dudoo Caribe (letra e voz em Make History Make Luv), Tatiana Nascimento (letra e voz em Times of Trouble), Jorge Rasta (discurso em Times of Trouble), Marcus Matraca (Sax em Peripheral), Jarbas Jácome (Guitarra em Overcome), Mari Santana (voz e flauta em Future Eyes).

Percussão: Don Preto 

Efeitos e Ruídos de síntese: Indizível

Mix & Master: ZEBB at Estudio Gota

Arte de capa: Yuri Garfunkel & Fernando Lopes

Distribuição: Estúdio Gota via OneRPM

 

 

 

fotos Ismael Silva

https://subgravenordestino.com/bahiaeletronica/#apresenta

Esta pesquisa não é um delírio. Esta pesquisa é um sonho. Ailton Krenak é quem nos conta sobre a importância do sonho para comunidades indígenas brasileiras, revelando que, se um assunto é importante e não se sonha a respeito, deve-se esperar um pouco, e os caminhos surgirão num passeio onírico (KRENAK, 2020). Apesar das diversas possibilidades de conceituação do termo Cultura, o fato é que, Cultura | na vida prática |, no contexto brasileiro, observada através de um olhar inclusivo e abrangente sobre seus agentes, tem desenvolvido saídas, oportunidades, e uma perspectiva de transformação social. Também com este intuito, este trabalho se propõe a observar um fenômeno musical brasileiro, nordestino. Até aqui, 2021, venho chamando este fenômeno de Subgrave Nordestino, uma espécie de guarda-chuva de iniciativas musicais que entrelaçam música da Cultura Popular Tradicional e Música Eletrônica.

 

 

 

 

Zé Balbino aka ZEBB é DJ, produtor musical e artista multimídia, e além de produzir dentro de linguagens como vídeo e fotografia, produz arranjos eletrônicos desde 2005. Começou produzindo para experiências radiofônicas, mas, com o nascimento do seu projeto Cidadão Comum Sistema de Som, adentrou o universo da Produção Musical dedicando-se inicialmente ao Reggae, como estilo musical favorito e ao Dub como linguagem, produzindo faixas e projetos musicais com cantoras como a nigeriana Okwei Odili e a brasiliense Tatiana Nascimento. Trafegou em iniciativas dentro da Cultura Popular Tradicional utilizando a Música Eletrônica e a Produção Musical como ferramentas no tempo em que atuou na ação Cultura Digital do MinC, dentro do Programa Cultura Viva, até se envolver com a música experimental em 2013. Como resultado dessa perspectiva criou junto com o trompetista Mateus Aleluia Filho o duo Terra Vermelha. Hoje, dedica-se à sua pesquisa de Doutorado, onde desenvolve um trabalho que pensa nas interações da música da cultura popular tradicional com a música eletrônica a partir de uma perspectiva decolonial e contra-hegemônica. 

Instagram: https://www.instagram.com/casadaalegria/