Aconteceu n’A Casa Tombada! Uma espécie de inauguração de um “Quintal acadêmico”, de um lugar para o afeto e o rigor convivendo ao mesmo tempo, um lugar de não abandonarmos o amor e a emoção de conhecer.

Defesa da tese de doutorado de Ângela Castelo Branco, À escrita, um outro se arrisca em ti, orientado pela profa. Dra. Luiza Christov, no Instituto de Artes da UNESP.

Aqui, uma captura de parte do acontecimento:

https://www.facebook.com/eduardo.castelobrancoteixeira

Aqui, uma parte do texto de apresentação

Desde quando eu era muito pequena, a escrita me desejou. Talvez porque eu vivia numa família de muitos encontros, repleta de muita gente, e recolher-me para escrever num cantinho, cavar um buraco na parede, fazer uma marca em alguma madeira era um jeito de experimentar que sou um corpo, que estive aqui, que tocar é uma maravilha.

O que eu não imaginava é que isso, justamente isso, esse isso que me atormenta até dormindo, esse isso que só se satisfaz quando finamente me recolho, inclusive no meio da multidão, esse isso que me faz procurar desesperadamente um papel na bolsa ou qualquer outra superfície, isso que me faz abaixar a cabeça,

e esse ficar de cabeça baixa é estar ainda mais atenta ao que está envolta, isso que me ataca violentamente quando leio alguma frase, essa vontade de andar quilômetros e quilômetros quando uma palavra, uma frase, um texto me ressoa, seria o tema de um doutorado.

O que eu não imaginava era que isso, esse amor que sempre amou em mim, não me abandonaria nunca. Mesmo com todas as tentativas de dispersão, de desprezo, de fuga que eu mesma me impunha, mesmos com todas as justificativas, com toda a auto-exigência,

é sempre o mesmo amor que me ama. E me chama.

O que eu não imaginava (mas desejava) é que mesmo na academia, mesmo correndo riscos de ser atacada pela representação do poder que esse ambiente pode evocar, eu encontraria pessoas que eram amadas pelo mesmo amor que eu.

O que eu não imagina era que a única escolha a ser feita era não interceptar o amor. Como disse Simone Weill, mais uma filósofa, inevitavelmente será difícil, então, se for para sofrer a vida, que seja de alegria.