Os tremores e as fissuras estão por toda a parte. Inclusive nas palavras. Já não estamos mais tão certos de que elas vão nos ajudar a despertar. Elas precisam de uma nova ordem, precisam emergir de um outro lugar. 

Antes de estarem aqui, nos dicionários, nas bíblias todas, nas catedrais gramaticais, nos discursos inflamados, nas

tagarelices, nos mutismos, nos silenciamentos, onde estavam as palavras? Onde sempre estiveram?

Não sabemos exatamente. Não precisamos de respostas. Nossos corpos só querem fincar os pés no chão. Cada vez mais. Andar com os ouvidos colados na terra. Chão que não acaba, chão em camadas, chão que também é manto.

Chão em construção permanente. Todos os nossos pés sob esse berçário de forças, incandescentes e líquidas, prestes a jorrar.  

Que jorrem. Do magma profundo emergem os ingredientes para a vida:  água, carbono, explosão, invasão. Que jorrem palavras-vida; palavras-lava; palavras-magma. É urgente transbordar.

Ângela Castelo Branco

imagem: frame do filme “Visita ao Inferno”, de Werner Herzog

PROGRAMAÇÃO

[19/07/21]Conversas ao pé do fogo. Viver e contar: a maravilha dos mundos – com Mara Vanessa

[21/07/21] Poéticas caiçaras: memórias subterrâneas e oralidade pulsante – com Janaína de Figueiredo

[21/07/21] Estudos para nascer palavra – com André do Amaral

[22/07/21] #artistaDEFpresente: novas perspectivas sobre o corpo com deficiência – com Estela Lapponi

[23/07/21] Uma leitura indígena sobre o Pensamento de Fanon – com Geni Núñez

[26/07/21] O ovo, a tartaruga e a noite: mitos de origem e o gesto criativo – com Ana Gibson e Juliana Franklin

[27/07/21] Mergulho na História: o Lobo – com Ana Luísa Lacombe

[27/07/21] Poesia marginal e periférica – com Jéssica Balbino

[31/07/21] Bate-papo: Paraskeué e os processos de cura – com Flávio Fêo e Naine Terena