Deuses, deusas, monstros e heróis: da jornada heroica à experiência humana - com Marco Haurélio

Sobre o curso

As nossas crenças expressam, desde sempre, as nossas esperanças e angústias. Do culto aos antepassados até a organização de sistemas religiosos complexos, alinhavados por muitas histórias, resultantes de múltiplas experiências, a história do pensamento religioso tem sido marcada por seu percurso acidentado, não raro repleto de lacunas e especulações, perguntas não respondidas e crenças que serviram de alicerce para as grandes religiões, ainda que estas, como ocorre em praticamente todos os mitos, reneguem seus pais destronados ou desprezem suas matrizes. Por onde andarão Hátor, Inana, Ísis, Anat, Afrodite, Asherat e outras deusas? Exiladas ou assimiladas, sem culto ou altar, mas vivas nos contos de magia, como ajudantes sobrenaturais, ou encarnando a Anima dos junguianos? Estarão conectadas às divindades da tradição galo-celta, em especial à Morrígan, cuja contraparte mortal, a fada Morgana, foi injustamente associada à vilania. Seria Isolda, a loura, cujo destino liga-se ao de seu amante Tristão, o Teseu bretão, a última das deusas, as quais, depois dela, “vivem” agora em nossos sonhos?

 

Percurso do grupo

Primeiro encontro (20/9): Ísis, Ishtar e Afrodite: deuses em pedaços, deusas em demanda
Osíris, Tamuz, Átis, Adônis e Balder são os nomes que os povos do Egito, da Ásia ocidental e da Escandinávia deram ao deus da vida vegetal. A morte e ressurreição do deus, criando o ciclo das estações, ligam-se aos antigos mistérios nos quais o casamento com a deusa exerce um papel crucial. Aliás, é esta deusa, mãe e esposa a um só tempo, a protagonista de um antigo drama cujo ápice é a sua descida ao reino inferior em busca do deus agonizante, trazido por ela novamente à luz.

Segundo encontro (4/10):  Édipo sem Freud, mas sempre com a Esfinge
O trágico destino de Édipo e, de certo modo, da Casa de Tebas, relaciona-se à origem desta cidade, fundada pelo herói Cadmo. Para além das modernas interpretações, e da racionalização do mito durante o período clássico na Grécia, é preciso voltar ao passado, buscando as raízes da história, comparando as famílias reais de Tebas e de Micenas, envolvidas em círculos viciosos que resultarão em crimes e sacrilégios.

Terceiro encontro (18/10):  Medeia e a Filha do Diabo: aprendendo a lidar com o esquecimento
Filha de Eetes, rei da Cólquida, Medeia é a princesa que cai de amores pelo belo estrangeiro que chega à sua terra em busca do tosão de ouro, usando, quando necessário, seus poderes de maga para auxiliá-lo nas provas impostas por seu pai possessivo. O amor que a une a Jasão será posto à prova quando este, vitorioso, retorna à Grécia, acompanhado da estrangeira sacerdotisa da sombria Hécate. As consequências da ingratidão do herói, no mito arcaico e no conto popular da “Filha do Diabo”, mostram duas formas de se lidar com o abandono, tema relevante em qualquer época ou lugar.

Quarto encontro (8/11): Siegfried e Brunhilde: o crepúsculo do herói
Sigurd (Siegfried para os germânicos) é o vencedor de Fafnir, dragão guardião de tesouros, e encarna o ideal medieval da vassalagem nem sempre recompensada e da coragem a serviço da glória. Os encontros e desencontros de Sigurd e Brunhilde aproximam-se e se afastam do destino de Tristão e Isolda, contraparte celta da velha saga escandinava.

Quinto encontro (22/11): Tristão e Isolda ou Eros e Tânatos na mesma taça
Não há Tristão sem Isolda, nem Isolda sem Tristão é a fórmula fixada por Marie de France no Lai da madressilva, composto no século XII, e, desde então, as venturas e desventuras dos amantes vem sendo contadas e recontadas em verso e prosa através dos séculos, constituindo-se, ao lado do Graal, no mito mais poderoso do Ocidente.

 

SUGESTÕES DE LEITURA

ANÔNIMO. Saga dos volsungos. Tradução de Théo de Borba Moosburger. São Paulo: Hedra, 2009.

BRUNEL, Pierre (org.). Dicionário de mitos literários. Editora da UnB, José Olympio Editora, 1998.

CAMPBELL, Joseph. O herói de mil faces. Tradução de Adail Ubirajara Sobral. São Paulo: Pensamento, 1989.

_____________. Deusas: Os mistérios do divino feminino. São Paulo: Palas Athena, 2016.

CARDIGOS, Isabel; CORREIA, Paulo. Catálogo dos Contos Tradicionais Portugueses (Com as versões análogas dos países lusófonos). CEAO da Universidade do Algarve / Edições Afrontamento: Portugal, 2015.

ELIADE, Mircea. O mito do eterno retorno. Tradução de Mnuela Torres. Lisboa: Edições 70, sd.

FERREIRA, Jerusa Pires. Armadilhas da memória (conto e poesia popular). Salvador: Fundação Casa de Jorge Amado, 1991.

FRANZ, Marie-Louise von. A sombra e o mal nos contos de fadas. Tradução de Maria Cristina Penteado Kujawski. São Paulo: Paulinas, 1985.

GIMBUTAS, Marija. The Language of the Goddesses. San Francisco (EUA): Harper & Row, Publishers, 1995.

HAURÉLIO, Marco. Contos folclóricos brasileiros. Classificação e notas: Paulo Correia. São Paulo: Paulus, 2010.

_____________. Tristão e Isolda em cordel. São Paulo: SESI-SP Editora, 2018.

_____________. Vozes da tradição. Colaboração: Lucélia Borges. Fortaleza: IMEPH, 2018.

KIRK, G. S. The nature of greek myths. EUA: Penguin Books, 1985.

LEEMING, David. Do Olimpo a Camelot. Um Panorama da Mitologia Europeia Tradução de Vera Ribeiro. São Paulo: Zahar, 2004.

MEREGE, Ana Lúcia. Os contos de fada – origem, história e permanência no mundo moderno. São Paulo: Claridade, 2010.

MÜLLER, Max. Mitologia comparada. Barcelona: Vision Libros, sd.

NASCIMENTO, Bráulio do. Estudos sobre o conto popular. São Paulo: Terceira Margem, 2009.

PROPP, Vladimir. As raízes históricas do conto maravilhoso. 2. ed. Tradução de Rosemary Costhek Abílio. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

_____________. Édipo à luz do folclore. Tradução de António da Silva Lopes. Lisboa: Editorial Veja, sd.

ROMERO, Sílvio. Contos populares do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, São Paulo: Edusp, 1985.

SHAFER, Byron E. As religiões do Antigo Egito: deuses, mitos e rituais domésticos. Tradução de Luís S. Krausz. São Paulo: Editora Nova Alexandria, 2002.

TOLKIEN, J. R. R. Beowulf: uma tradução comentada. Tradução de  Ronald Eduard Kyrmse. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2015.

VERNANT, Jean-Pierre. O universo, os deuses e os homens. Tradução de Rosa freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

 


“Vênus em luto por Adônis”,  de Cornelis Holsteyn


“Medéia”, de Eugène Delacroix 


“Tristão e Isolda”, de Gaston Bussiere


“Sigurd e Brunhilde”, de Harry George Theaker


“Édipo e a Esfinge”, de François-Xavier Fabre

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Marco Haurélio, escritor, professor e divulgador da literatura de cordel, tem mais de 40 títulos publicados, a maior parte dedicada a este gênero que conheceu na infância, passada na Ponta da Serra, sertão baiano, onde nasceu. Vários de seus livros foram selecionados pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) para o Catálogo da Feira do Livro Bolonha. Finalista do Prêmio Jabuti, suas obras receberam distinções como o selo Altamente Recomendável, da FNLIJ, e o selo Seleção Cátedra-UNESCO (PUC-Rio). Em sua bibliografia destacam-se as obras Contos folclóricos brasileiros, A lenda do Saci-Pererê, Meus romances de cordel, Lá detrás daquela serra, O encontro da cidade criança com o sertão menino, Tristão e Isolda em Cordel, A jornada heroica de Maria e Contos e fábulas do Brasil. Ministra cursos sobre cordel e contos tradicionais em espaços os mais diversos.

Quem é o professor

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Marco Haurélio, escritor, professor e divulgador da literatura de cordel, tem mais de 40 títulos publicados, a maior parte dedicada a este gênero que conheceu na infância, passada na Ponta da Serra, sertão baiano, onde nasceu. Vários de seus livros foram selecionados pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) para o Catálogo da Feira do Livro Bolonha. Finalista do Prêmio Jabuti, suas obras receberam distinções como o selo Altamente Recomendável, da FNLIJ, e o selo Seleção Cátedra-UNESCO (PUC-Rio). Em sua bibliografia destacam-se as obras Contos folclóricos brasileiros, A lenda do Saci-Pererê, Meus romances de cordel, Lá detrás daquela serra, O encontro da cidade criança com o sertão menino, Tristão e Isolda em Cordel, A jornada heroica de Maria e Contos e fábulas do Brasil. Ministra cursos sobre cordel e contos tradicionais em espaços os mais diversos.

Quando

Dias 20/9; 04/10; 18/10; 08/11 e 22/11 (às segundas-feiras)
Das 19h às 21h

Onde 

Online
As informações de acesso serão disponibilizadas por e-mail.

Público

Geral

Turma

30 pessoas

Investimento

R$ 260,00 (os cinco encontros)
R$ 60,00 (encontros avulsos)

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