A experiência da conversa - com Ana Letícia Silva

Sobre o curso

Um convite para a experiência da conversa, a potência transformadora das conversas. Uma jornada criada e cuidada para revelar essa potência: para enxergar as conversas que acontecem no cotidiano, e para que a conversa alcance mais pessoas e espaços. A narração que cria o fio, a memória das conversas e a possibilidade de contar as conversas são companheiras firmes, trazendo o recontar. 

 

Conversaremos com outras/os conversadoras/es que se debruçam sobre a importância dessa experiência, entrando em suas conversas. Refletiremos sobre experimentações, com o objetivo de buscar aproximação da constituição de revelar e transformar, tão presentes nas conversar, usando o narrar como canal para esse acontecimento.

 

Faremos com que esse fluxo e chegada sejam experimentados, conhecidos, reconhecidos e ressignificados. E que contribuam para reforçar conexões, continuidades, fios de memórias, existências coletivas e comunitárias.

 

 

Vontade da jornada

Observar, explorar, reconhecer, revelar e registrar a potência das conversas espontâneas e cotidianas, em espaços públicos e/ou privados, de revigoramento e constituição das relações e das pessoas, assim como de enxergar e revelar seus repertórios artísticos a partir de vivências, memórias e da literatura em sentido amplo.

 

A Jornada

É sobre a tomada de consciência das conversas e do efeito das mesmas em nossas vidas de todos os dias, nossos posicionamentos, nossas atitudes, nossos gestos. E talvez ela caminhe por ‘o que acontece conosco quando realmente conversamos, quando sentimos que conversamos?’. E ao acontecer algo conosco, o que reverbera e acontece diferente nas nossas existências e nas misturas das nossas existências a partir daí?

 

Percurso do curso

Aula 1 (27/08)
Aberturas para a experiência da conversa e o preparo da palavra

“Necessitamos de uma linguagem para a conversação. Não para o debate, ou para a discussão, ou para o diálogo, mas para a conversação.” (Jorge Larrosa)

Imagine um convite para viver uma experiência de conversa com endereço: uma casa térrea antiga com a porta grande pegada na calçada e os cômodos vão acontecendo até chegar no quintal. A conversa começa no convite e vai adentrando a casa. Ao preparar a palavra para a conversa, permitimos que ela seja outra porque se colocará em relação. A conversa é o devir da palavra. Sobre o que vocês gostariam de conversar hoje? O que vocês trazem para essa conversa, para essa partilha? Que cuidados? Que solturas? Qual a palavra?

 

Aula 2 (03/09)
O caminho e a chegada da palavra 

Numa conversa, somos narradoras/es, portadoras/es de nossas próprias histórias e perceptoras/es de outras, que vão se misturando. Como trazemos a palavra para a conversa? Como ela chega? Como ela alcança quem escuta? Onde ela alcança? A palavra guardada, cuidada, consciente é a que vai chegar, porque foi preparada para o acontecimento, para a experiência. 

A palavra vivida, experimentada chega para a conversa. Qual a palavra que chega? Onde ela chega? O que ela tem que ter pra chegar? O que acontece quando e onde ela chega? Dar vida e luz a outras linguagens a partir do que as pessoas revelam, narram estimuladas por perguntas, por vontades de saber, de conhecer. E muitas vezes são revelações de mundos silenciosos e também silenciados, invisíveis, não escutados, porém constitutivos de modos de existência essenciais para comunidades, territórios, culturas e, em sua amplitude, para a humanidade.

 

Aula 3 (10/09)
A poesia e a memória da palavra

“E a vida, tenho certeza, é feita de poesia. A poesia não é alheia – a poesia, como veremos, está logo ali, à espreita. Pode saltar sobre nós a qualquer instante.” (Jorge Luis Borges)

A palavra que conversa é poética e expressiva porque escuta, dança, se entrelaça, compõe e se transforma. E qual a forma que a palavra toma quando ela chega? Quem sugere ou compreende essa forma? Em que momento isso acontece? 

A palavra quer voar e conversar e é na memória que ela encontra cais para se lançar. O que acontece quando a palavra alcança mais alguém ao mesmo tempo e de formas aproximadas no acontecer? O que acontece se mais de uma pessoa foi alcançada de forma parecida ou ao mesmo tempo ou simplesmente é tocada pela palavra, ainda que ao seu modo?

 

Aula 4 (17/09) 
A palavra comunitária e a palavra comum

Esse fenômeno da palavra que se torna partilhada acontece na conversa, no reconhecimento da palavra que toma forma de código e aproxima, e produz uma espécie de segredo e entendimento comum. Que lugar ocupa a palavra partilhada, comunitária? A cara da palavra comum é a cara da conversa conversada e assentada, a conversa partilhada. É a palavra justa, a palavra de bom tamanho, que cabe. Qual a imagem que vai se desenhando para a palavra que chega, que encosta, que se transforma na relação, que assenta nos corações coletivos? Quando a palavra  se torna comum?

 

Aula 5 (24/09)
A palavra que conta, que narra e a palavra-experiência

A palavra narrada na história é a experiência acontecendo. Que bebe da palavra comum e compartilha a experiência, criando reconhecimento e um fio comunitário. A surpresa de que o conhecimento está em nós e conosco. 

E quando e como é que a palavra é narrada, é contada, é história?  É a palavra que, sendo nossa e sendo comum, passa a ser de cada uma e cada um, tendo sido coletiva antes. E quando e como a palavra é experiência?

 

Aula 6 (01/10)
O direito à palavra e a conversa no espaço público

A palavra e, ainda mais, a palavra conversada, nos revigora e nos reconcilia e, em última instância, nos faz caber no todo, sendo nós mesmas e mesmos, com a nossa própria palavra. Se pensamos nos transportes, que corremos para ir de um lugar a outro, pelo qual passamos, mas que comporta espaço de conversas possíveis, quanto queremos genuinamente que as pessoas subam e participem das conversas? Quanto às outras  experiências, que acabaram de chegar ou que já estavam nos são interessantes, importante? Quanto queremos criar abertura para escutar, saber, conhecer essa conversa?

O espaço imaginado é o espaço público, onde as pessoas se encontram sem marcar e conversam como ato quase natural, quase sem querer. O lugar de um ponto final do transporte público, onde ônibus, peruas, bondes se encontram para partir (ou para chegar). Para esses espaços vêm pessoas de tantos lugares, tão diferentes, vidas acontecidas de tantas formas, mas com o comum de simplesmente estar ali, ocupando esse espaço e se preparando para o percurso que, por alguns instantes, também é comum. Muitas vezes, nesses espaços, há outras pessoas vendendo comidas de rua, bebidas de rua e coisinhas de rua. A ideia é criar essa atmosfera para uma conversa. 

“Estamos todos no mundo e estamos só de passagem” (Magno Rodrigues)

 

Referências bibliográficas

Larrosa Bondía, Jorge.  2014. Tremores: escritos sobre a experiência. Jorge Larrosa e Walter Kohan, coordenadores da coleção Educação: experiência e sentido. Belo Horizonte, Autêntica Editora.

Morrison, Toni. 2019. A Fonte da Autoestima: ensaios, discursos e reflexões. São Paulo, Companhia das Letras.

Turcke, Christoph. 2019. Sociedade Excitada: filosofia da sensação. Campinas, Editora Unicamp. 

Campos de Queiroz, Bartolomeu. 2008. A beleza não cabe em você. Museu da Pessoa. Disponível em  https://www.youtube.com/watch?v=1-z-8O31_qc&t=3s.

Lopez, Fabrício. 2010. Una ciudad de perros. Residência artística, Valparaíso, Chile. Apoio: Lei de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura; Itaú Cultural.

e continua com quem mais chegar no percurso antes, durante e depois…

 

Sobre a professora

Ana Letícia Silva é facilitadora de processos conversacionais desde 2007. É formada pela H+K Desenvolvimento Humano e Institucional e pós-graduada em Narração Artística  pel’A Casa Tombada.

Quando

27/8; 3, 10, 17 e 24/9 e 01/10
(seis encontros aos sábados)

das 9h às 11h

Onde 

Online
Todos os cursos online d’A Casa Tombada são realizados em nossa plataforma de estudo digital e podem ser acessados por três meses após o término do curso.
O acesso à plataforma será disponibilizado por e-mail.

Investimento

R$ 240,00
Alunes e ex-alunes das pós-graduações d’A Casa têm 25% de desconto em todos os cursos livres.

Alunes e ex-alunes d’A Casa Tombada têm 10% de desconto em todos os cursos livres. É só pedir o o cupom de desconto pelo email [email protected]

Pagar.me
Parcela única no boleto bancário OU
Em até 10 X sem juros no cartão de crédito

PayPal
Em até 10 X sem juros no cartão de crédito

VOCÊ PRECISA ESPERAR A DATA DO CARTÃO VIRAR?
Fale com a gente e reserve sua vaga pelo e-mail [email protected]

Bolsa de estudo

Aceitaremos inscrições para o processo de bolsa até sete (7) dias antes do início do curso.
[ Mais informações  clique aqui ]

Outros cursos d'A Casa

[15/09/2022] MULHERIDADE – feministas ancestrais, populares, decoloniais, atrevidas – organizado por Tatiana Fraga

[06/09/2022] Arte e Ancestralidade: rastros biográficos – com Jéssica Silva Pereira

[29/08/2022] Nascer e morrer na nossa jornada do herói: vivendo movimentos de transformação – curso de extensão com Melissa Migliori

[29/08/2022] Mitos, contos e arquétipos – com Marco Haurélio

[10/08/2022] O Tarô e as histórias A jornada do louco através dos contos de tradição oral – com Keu Apoema

[21/07/22] Colagem: recorte a vida e transforme em arte – com Sofia Lemos / Módulo III: Desconstrução de paisagens com colagem

[12/03/22] Grupo de estudos filosóficos (encontros mensais) – com Luiza Christov