Liliana Pardini
Esse é um livro para abrir em dia de chuva.
Dentro ou fora.
E nem precisa ser pelo começo e ir até o fim. Dá pra convidar o acaso para uma xícara de chá.
Quem estiver com pressa ou com o copo cheio de conceitos não vai encontrá-lo na estante. Os livros conhecem os esconderijos.
E cairá no colo no dia em que tudo o que preciso é de uma fatia de bolo ainda quente.
E de conversa.
A topeira pergunta:
— Será que existe escola para a gente desaprender?
Eu não conheço, mas lembro de uma frase do Manuel de Barros:
“Desaprender oito horas por dia ensina os princípios.”
Um dia alguém me disse que mestre é aquele que ouve. Quem foi mesmo? Desaprendi.
O menino pergunta:
— Quando você se sentiu mais forte?
— Quando tive coragem de mostrar minhas fraquezas — responde o cavalo.
Eu, que tinha pensado numa resposta bem diferente, fico quieta.
Como a raposa, que não é de falar muito. E é bom. Um silêncio raro que só os amigos íntimos sabem ter juntos.
O menino, a topeira, a raposa e o cavalo
Charlie Mackesy
Editora Sextante
2020