por Clareanna
arritmia
vários são os fatores
que fazem um coração disparar
uma noite mal dormida
o corpo sem comida
ou um novo amor a pulsar.
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À porta da frente
no começo do fim
existe uma porta
um início pra mim
no meio da aorta.
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mu/dança
mudar o estilo,
mudar o status,
mudar de vez…
mudar com a lua.
ficar nova,
minguante,
nua,
talvez.
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arquitetura
no fio elástico da minh’alma
que desenha a minha cura
faz de mim a ideia farta
e de tu a essência pura.
quando você, doce, for água
eu, extensiva, serei chuva.
se sua visão é sagaz e clara,
a minha é lenta, estranha e turva.
sua vida, se é amarga
eu sou a própria amargura.
mais complexo que seu fardo
é a minha arquitetura.
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Acordar
soltar a linha no horizonte
e puxar
suspender os sonhos
pelo fio da manhã
navegar o dia
e em maré alta mergulhar
fixar os pés no asfalto
tropeçar na esquina
se apoiar na rotina
e então retornar.
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vende-se poesia
vende-se um pedaço de carne
uma gota de sangue
o absurdo
vende-se
a tradução do sofrimento
o pôr-do-sol
o grito mudo
vende-se
a solidão do corpo
ele excitado
vende-se qualquer canto
o beijo não dado
vende-se o pranto
o risco atrás do ponto
vende-se o poema
o confronto
vende-se uma gota d’água
vende-se a vida
a letra
o óbvio
a partida
vende-se a dor da ferida
o dedo
o caule
a coisa
o ritmo
a ótica
o verso:
à vista.
Clareanna Santana, nascida em abril de 87, baiana residente da capital da Paraíba desde 2006, é cientista social, mestre em antropologia e poeta. É colaboradora do grupo musical e ponto de cultura Viola de Bolso (Eunápolis/BA). Publicou poemas em fanzines, e-zines, revistas literárias, coletâneas e antologias poéticas. Compartilha seus trabalhos no perfil do instagram @clareamente