Escrever para viver, ou viver para escrever? Não é nítida a separação entre os dois verbos que compõem este terceiro – escreviver. O que é nítido é que o verbo aqui não se conjuga — apresenta-se no infinitivo, apontando para o infinito e sugerindo também uma certa intransitividade. Não se trata, pois, neste curso, de escrever um livro, ou um texto, tampouco um poema. Trata-se, antes, de deixar correr nas veias, como fio de água do texto, o sangue desse animal chamado escrita. E deixar que a vida passe, como nada mais passa na vida, exceto ela, a vida.

Este curso propõe uma aproximação do conceito de “escreviver”, desenvolvido por Lucia Castello Branco, em Chão de letras: as literaturas e a experiência da escrita (BH: UFMG, 2011), em articulação com o pensamento de alguns teóricos que, por sua vez, podem ser aproximados do pensamento da psicanálise (Freud e Lacan). Como testemunhos do escreviver, traremos o texto de algumas escritoras contemporâneas: Maria Gabriela Llansol, Clarice Lispector e Marguerite Duras.

Percurso do curso
Primeiro encontro (9/3) – A literatura e a vida (Gilles Deleuze)
Segundo encontro (16/3) – A experiência literária (Maurice Blanchot)
Terceiro encontro (23/3) – A coisa literária (Shoshana Felman)
Quarto encontro (30/3) – A psicanálise literária (Lucia C Branco)

Bibliografia
BLANCHOT, Maurice. A parte do fogo. RJ: Rocco, 1997.
BRANCO, Lucia Castello. Chão de letras: as literaturas e a experiência da escrita. BH: UFMG, 2011.
BRANCO, Lucia Castello (org.). Shoshana Felman e a coisa literária: escrita, loucura, psicanálise. BH: Letramento, 2020.
DELEUZE, Gilles. Crítica e clínica. SP: Editora 34, 1997.