Desses tempos

por Helô Beraldo [@baleialivros]

 

Passado, presente, futuro.

Estações, intervalos, retornos.

Época, fase, era, período, memória.

Verbo, pulso, vida, morte.

Tempo.

 

Tempo de fazer listas: supermercado, farmácia, sacolão, o que tenho de fazer hoje.

Tempo de fazer escolhas: assisto ou não a isso, faço ou não esse curso, aceito ou recuso esse convite, sou ou não sou, desencano ou não de gente chata.

Tempo de estar inserido: números de casos de covid, reality shows (BBB, No Limite, A Fazenda, presepadas diárias no Planalto, deixe o dinheiro trabalhar pra você, o milagre das 5 da manhã), vídeos do YouTube, lives no Instagram.

Tempo de salvar do incêndio (aqui, inspiração vinda de Cristiane Rogério) o material-imaterial artístico: um filme, uma música, uma obra de arte, um’A Casa, um livro.

 

E eu, no tempo de estar inserida, num instante, durante uma live de Keila Knobel, que também escreve neste blog, me dei conta de ter deixado de lado, por pelo menos três anos, um dos livros que mais mudou a minha vida.

O livro é Tempo de voo, de Bartolomeu Campos de Queirós, ilustrado pelo espanhol Alfonso Ruano e publicado pela primeira vez em 2009, pela editora SM (hoje republicado pela editora Global). Sim, mais uma vez ele aqui. “Mil vezes mil.” Bartolomeu é necessário.

[“— O tempo é pouco cuidadoso, não enlaça com fitas e cores seus presentes. Nós aprendemos a descobrir seus agrados.”]

 

Capa da primeira edição do livro, publicada pela editora SM em 2009.

 

Presente de um amigo querido, Sergio Alves, o livro veio apenas com a voz do autor, em áudio, com sotaque mineiro. Voltando para casa, aquele contador de histórias me colocou como testemunha de uma conversa entre um velho e um menino sobre a passagem do tempo, o amor, a responsabilidade das escolhas, o viver e o morrer. A sabedoria e a pureza, muitas questões não respondidas e a certeza:

 

Foto de Bartolomeu Campos de Queirós extraída da internet.

 

E Tempo de voo renova nossa maneira de ver o tempo e de nos questionarmos sobre ele e o que ele nos traz. Como toda boa história. Como o tempo. Como a vida.

[Anos depois, consegui um exemplar do livro. O contato com aquela materialidade, com aquelas letras impressas, aquelas ilustrações surreais, nunca superou a experiência da escuta.]

 

 

 

 

 

 

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