Onilíricos II, por Tati Fraga

 

por Tati Fraga

 

II.

meninas em cima duma montanha, fogo espalhado. vejo o tibet no fim de uma guerra. elas ouvem os conselhos de uma velha que se parece com minha mãe. uma delas se levanta com seu recém-nascido no colo. essa menina é muito nova, pequena, magra, oriental. sua aparência é leve, carrega o filho abraçado em sua barriga, em seu peito. assim como o filho, a mãe tem cabelos curtíssimos, pretos e espetados. ela se levanta, caminha procurando algo, até que chega a uma montanha muito fria. neva. alguém pega a criança e a abriga numa pequena casa oriental, uma caixa de um metro quadrado que se fecha sozinha. reparo como o bebê e sua mãe estão mal alimentados. lembro que minha velha mãe havia me alertado sobre isso. a menina agora entra num templo tibetano vermelho e dourado. faz frio. há fumaça e neblina. na sala está um homem. a porta se fecha. ele está deitado sobre algumas almofadas como um sultão. o homem a assedia fisicamente, ela resiste. de tanto resistir, passa a desejá-lo e agora é ele quem resiste. ela coloca a mão por dentro de sua calça e sente o pau pequenino. o homem está constrangido. tem o pênis enrolado como uma fita adesiva. pacientemente a menina o desenrola até que fique enorme. a cabeça do pau tem seu rosto. cabelos curtíssimos, pretos e espetados. ela se assusta com o próprio olhar maligno naquela cabeça.

 

 

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