por Ângela Castelo Branco
Hoje lançamos a pós-graduação Gestos de Escrita como prática de risco.
Talvez a sua origem tenha sido um terreno baldio. Aquele lugar em que a fecundação não está evidente, que nos exige muito trabalho pra desgrudar os blocos calcificados de terra, conhecer as plantas menores, encontrar o caminho dos mínimos animais, fazer do seco um lugar para entrar as mãos.
Talvez tenha nascido da desconfiança de que o pensamento precisa ser revolvido, que pesa, tem resistência, densidade e necessita ser capinado.
Talvez tenha nascido de uma profunda necessidade de aterrissagem da linguagem. Do tanto de voo que as palavras permitem, do tanto de voltas e aproximações, do tanto que elas podem nos distanciar do solo.
Imaginamos muito acerca das origens das coisas. E sabemos quando algo se origina. Assim como sabemos quando algo parou de nascer.
Aqui, o desejo é que todas as pessoas possam plantar o texto bem próximo ao terreno em que já se encontra,
sendo cada terreno o seu próprio texto.
Migrarmos do terreno inabitado da escrita para
a escavação diária,
cuidando mutuamente da semente e da raiz envelhecida
e assim caminharmos como caminha o solo
em direção ao broto.