A Teoria da Navete

por Liliana Pardini

 

A saudade de estar em uma feira de livros independentes, conhecer os autores, tocar a textura das folhas, abraçar os amigos que encontra, me levou a escolher este livro para falar sobre.

Em 2018, visitei a feira Tinta Fresca, que aconteceu no Espaço Porto Seguro, no centro de São Paulo, junto com a minha irmã e uma amiga. Almoçamos lá, no ritmo da conversa, e passamos a tarde toda na feira.

Na mesa da livraria Lote 42 abri este pequeno livro.

Os autores o iniciam dizendo que a ideia nasceu da curiosidade de compreender o Amor, que “é o que nos faz vibrar, o Amor é que nos faz avançar, o Amor é, pode-se dizer, a fonte de vida de cada um”.

Contam que, segundo a Teoria da Navete, cada ser humano possui um corpo físico e um corpo cósmico. O físico é esse que podemos ver. E o cósmico é o universo interior, “que pode ser comparado a uma nave espacial com milhões e milhões de botões… que representam as emoções, os sentimentos, as sensações, o passado, os gostos e o porquê misterioso do nosso ser.”

 

Nessa viagem espacial da vida, infinitas aventuras são possíveis. Incluindo a de encontrar alguém que nos encante com sua pessoa e sua nave. E a atração se torna tão forte, “que podemos deixar nossa própria nave para viver na nave do outro.”

Descobrimos mundos e pontos de vista jamais explorados! É excitante e extremamente prazeiroso.

Por um tempo.

O vozerio da feira silenciou. Eu entrei na Navete. Já era uma viagem sem volta.

Por mais que essa pessoa tenha todas as qualidades do universo, a nostalgia pela nossa própria nave começa a pesar.

Qual é mesmo minha comida preferida?

Como gosto de passar meu tempo livre?

Algo falta. E essa insatisfação se volta contra quem está mais próximo.

E, por mais que faça, essa pessoa não vai conseguir preencher essa falta.

 

 

Sem nave, expostos às intempéries cósmicas, “nos resta então apenas uma coisa a fazer: ir atrás de nossa nave do outro lado do Universo.”

Mas é tão longe, tão difícil, será que não existe uma forma mais simples?

Quem sabe… uma carona?

Uma grande nave ideológica com uma verdade universal garantida?

Qualquer coisa que evite essa (re)descoberta de si mesmo?

A Teoria da Navete sussurra uma sabedoria antiga: sim, sua nave está distante, mas continua a fazer parte de você, ligada por um grande cordão ligado ao coração. “Assim, para encontrá-la, basta nos conectar com o que amamos, sem hesitação, e deixar que ela volte suavemente para nós.”

 

 

“A reparação da nossa nave consiste numa escuta cuidadosa de nosso coração. É ele quem nos indica o melhor caminho para restituir a auto-confiança e nos amar tal como somos.”

E, com nossa nave funcionando, podemos voar novamente. E quem sabe, até viajar junto de novo. Com uma ponte entre naves.

Nas leituras de hoje de manhã, li a seguinte frase, do Louis Cattiaux: “O mais fácil de ensinar é o mais difícil de compreender.”

Um pequeno livro de 33 páginas. E uma ideia para ser praticada por toda vida.

 

 

A Teoria da Navete

Luan Banzai e Leila Raverdino

Editora Bebel Books

2018

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