Ah...essa tal intimidade

por Talita Minervino

 

Se chamava sofá, mas poderia ser Bruna, Talita, Daniel, Roberto…
Quando o conheci era noite. Não havia muita iluminação.
Ficava bem de frente para uma TV grande!
Era comprido…
Havia uma pessoa deitada nele, e sua expressão indicava que o sofá era bem confortável.
Logo me avisaram que já estava bem velhinho. Naquele momento, observei as manchas no seu tecido, joguei uma manta por cima e seguimos no nosso convívio.
Demorou alguns meses até que observei que havia muita poeira nos seus vãos.
Na verdade uma mistura de terra, poeira, pedrinhas, resto de comida, cabelos e pelos e tudo mais que se acumula com o passar do tempo nas frestas, buracos e cantinhos.
Conforme me animei a olhar mais de perto, o que se perdeu no tempo começou a ser encontrado.
Quando então decidi colocar minha mão para sentir o que ali estava, é que os objetos maiores foram aparecendo.
Uma colher usada…
Um pente!
Meu anel!
Um bom lápis.
Uma madeirinha…
Fiquei tão impressionada, que decidi tomba-lo para ver o que se encontrava no fundo.
O tecido para proteger/esconder o que não é para ser olhado, já puido não mais resistia.
Lá dentro percintas rompidas, molas sem apoio, o acumular do intocado.
Muito prazer, Sr. Sofá!
O Senhor continua bem confortável e comprido.

 

 

 

 

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