Mediação de Leitura como cidadania, afeto e esperança, por Camila Feltre

por Camila Feltre

 

 

Durante o módulo LEITURA, LITERATURA E ACESSIBILIDADE – MEDIAÇÕES POSSÍVEIS NA CONTEMPORANEIDADE, foi proposto à turma VI da Pós-graduação O LIVRO PARA A INFÂNCIA que realizassem uma entrevista com algum mediador de leitura,  alguém que trabalhasse neste universo do “livro para a infância”, um “mediador de chão”, aquele que está ou esteve em contato direto com essa prática de convite à leitura.

 

Os estudantes se lançaram no desafio da conversa, abertos às escutas de diferentes vozes e trajetórias de percurso: bibliotecários, professores atuantes em salas de leitura, colegas de trabalho, voluntários em projetos de leitura, mediadores de ONGs, pessoas próximas e que gostariam de saber mais sobre o trabalho, ou pessoas que olhavam de longe, com vontade de se aproximar. Foi assim que Lucas Buchile se viu no desafio e na oportunidade de entrevistar um mediador que admira há tempos e sonhava um dia poder conversar: Francisco Gregório Filho. Nascido no Acre, Gregório é mediador de leitura, atuou no rádio, na contação de histórias, escreveu livros e foi responsável por importantes movimentos de criação de políticas públicas no país, trazendo sempre “a palavra narrada” como oferta de espaço para o sujeito exercer a cidadania e suas relações afetivas.

 

Alguns trechos da entrevista:

“Tínhamos que inaugurar um roteiro de mediação mais solto, mais próximo do cotidiano desses segmentos populares, para que essas pessoas percebessem a importância da leitura, do livro e, especialmente, da literatura no seu cotidiano. Deveria ser um roteiro mais flexível, que nos auxiliasse a dialogar com vozes mais plurais, diversas. Eu leio e ouço o que você lê, da maneira que você lê.”

“Nós, então, entendemos que não bastava o livro. Não bastava a biblioteca com aquele acervo se ele não era aberto, não era manuseado, lido, discutido e conversado.”

“Nós iniciamos o Proler já com a ideia das Casas de Leitura, tanto que criamos a Casa da Leitura no Rio de Janeiro, que era a sede do Proler. Foi inaugurada em 1993 e lá nós desenvolvíamos rodas de leitura, contação de histórias, conversa com o autor, conversa com o leitor. Era um movimento dinâmico das pessoas interessadas na leitura. Então, a ideia de que a leitura não era somente alfabetização ganhou força. Fazíamos leitura continuada, mantínhamos o contato com a literatura, com a poesia.”

Durante a conversa, Francisco Gregório Filho, além de trazer sua trajetória e sua luta em prol da difusão da leitura no Brasil, compartilha conosco um olhar de esperança para este momento que estamos vivendo:

“Eu tenho esperança, sim, pela continuação de algumas práticas e pelo surgimento de novas práticas. Acho que a nova geração, com bagagem e com vivências, será a protagonista nessa história da difusão da leitura, da mediação e das políticas públicas que possam surgir e permanecer. Após a pandemia que nós estamos atravessando um novo tempo surgirá e vocês, jovens, vão constituir novas propostas para as políticas públicas municipais, estaduais e federais. Nisso eu tenho fé. Eu acredito.”

 

Leia aqui a entrevista na íntegra: http://biblioteca.acasatombada.amarelinha.cc/omeka/items/show/1517

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